Por Silvério Filho

Esses dias gravei um vídeo e escrevi um texto expondo minha análise sobre conflito Israel/Hamas à luz do Evangelho.

Fiz com sinceridade e boa-fé, por achar importante falar de misericórdia num momento de tamanha violência.

Uns concordaram com minha visão, outros discordaram. Em alguns casos, eu respondi, iniciando-se um debate mais prolongado do que deveria.

Minha intenção inicial era falar de misericórdia e terminei em um debate, onde um tentava mostrar para o outro que estava certo.

No fim, eu já não tinha certeza se minha intenção era mesmo falar de misericórdia ou apenas alimentar a ilusão de que “tenho conhecimento da Palavra”.

Então lembrei do passado, de quando eu lia a Bíblia apenas para debater.

Eu antecipava os argumentos dos “adversários”, preparando a refutação. Geralmente me “dava bem”.

Um dia debati com um homem que respeitava. Antecipei os argumentos dele e, em tese, “venci”.

Vaidoso, fiquei feliz, mas por pouco tempo.

Logo percebi que de nada havia adiantado, pois o homem continuava com um testemunho bem mais cristão que o meu e, depois daquele momento, talvez ele tenha pensado que eu não o respeitava.

Eu agia como os fariseus hipócritas e merecia as sentenças que Jesus aplicou a eles em Mt 23.

Muito melhor seria se eu não tivesse estudo nenhum, mas apenas a compreensão necessária para crer em Cristo, pois Ele ocultou a sua Palavra aos sábios, revelando-a aos pequenos (Mt 11,25).

Essas lembranças me fizeram escrever este artigo.

Para esclarecer que não quero mais debater, e sim ajudar a “reconciliar os homens entre si e com Deus”, como dizia Monsenhor Expedito.

Pois não quero ter conhecimento, mas sim misericórdia.

Pois não quero ser justo, mas sim justificado, na esperança de um dia ser um daqueles pobres de espírito do qual falou o Senhor em Mt 5,3.

Pela graça de Jesus.

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