Por @silverioalvesfilho

Na década de 50, durante uma grande seca, padre Expedito foi visitar a construção do Açude de Pataxó, em Açu, acompanhado de outros sacerdotes. Lá, um trabalhador ajoelhou-se aos pés dele e dos irmãos de batina, pedindo para que o tirassem daquela escravidão. O relato está no livro “Pelos Caminhos do Potengi”, de sua autoria.

A escravidão era a da seca, que para além de um fenômeno ambiental, era também um modo de opressão política e social, por meio do que o padre chamou de “famigerada indústria das secas”.

No decorrer de sua vida, Expedito passou lutar contra o problema, sob diversos aspectos. O trabalho pastoral foi, inclusive, reconhecido internacionalmente.

A última luta, porém, foi a que cravou seu nome na história do RN: a luta pelas adutoras, na década de 90.

Franzino, mas de discurso firme, liderou uma campanha que percorreu o Estado, com apoio de setores da sociedade civil, da política e da Igreja, culminando com o projeto das adutoras, proposto pelo deputado Elias Fernandes e levado a efeito pelo Governador Garibaldi Alves.

A luta incansável do padre foi reconhecida nacionalmente. O presidente FHC lamentou seu falecimento em 2000, chamando-o de Apóstolo das Águas. Até hoje a adutora que banha o Potengi/Trairi leva seu nome.

Mas muito ainda há a ser feito. A luta pelo direito fundamental à água está longe de acabar. Hoje, temos tecnologias que não existiam na época do Profeta das Águas. É preciso que haja investimento e interesse da classe política.

É preciso retomar aquela revolta santa do padre a respeito do tema. tema. Felizmente, a luta dele ainda ecoa em alguns corações.

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