
Saiba Mais – O cenário ambiental do Rio Grande do Norte terá novos rumos a partir de 2025. A nomeação de Thales Dantas para o cargo de diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), publicada no Diário Oficial do Estado em 20 de dezembro, acontece em um momento decisivo para a política ambiental potiguar. O órgão, que exerce papel central na fiscalização, licenciamento e mediação de grandes projetos, será comandado por Dantas em meio ao avanço de empreendimentos de energia renovável e ao crescimento de debates sobre os impactos dessas iniciativas em comunidades tradicionais.
A escolha acontece em um momento em que o Rio Grande do Norte se consolida como líder na geração de energia renovável no país, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as implicações sociais e ambientais desse crescimento acelerado. A nova gestão enfrentará desafios que vão desde o fortalecimento da fiscalização até o aperfeiçoamento de mecanismos de consulta pública para projetos de grande porte, especialmente em áreas habitadas por populações quilombolas, assentados e pescadores.
“O IDEMA é um catalisador desse debate ambiental que vem ganhando força na sociedade. Nosso papel vai além da emissão de licenças. Atuamos na conscientização, no diálogo com o setor produtivo e na mediação entre diferentes interesses para alcançar o equilíbrio necessário ao desenvolvimento sustentável”, afirmou o novo diretor.
A missão não é simples. A expansão de parques eólicos e solares tem se sobreposto a territórios de populações tradicionais, levando a debates sobre o impacto dessas iniciativas em comunidades que dependem diretamente da terra para sua subsistência e reprodução cultural. A tarefa de Thales Dantas será justamente encontrar um ponto de equilíbrio, onde desenvolvimento e preservação não se excluam.
Expansão e conflitos
Desde 2019, o governo do estado, sob a liderança de Fátima Bezerra, tem defendido um modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade e na justiça social. O crescimento da matriz energética limpa colocou o Rio Grande do Norte no centro das atenções do país, mas a instalação de parques de grande porte gerou preocupações. A presença de torres eólicas em áreas antes ocupadas por comunidades quilombolas, assentamentos e pescadores tem sido alvo de questionamentos e mobilizações populares.
“A legislação ambiental existe por uma razão muito clara. O estado precisa garantir, por meio do IDEMA, que o crescimento econômico respeite esses limites. A responsabilidade é de todos, mas o instituto desempenha um papel estratégico nesse processo”, destacou Dantas, reconhecendo o desafio imposto pelas demandas crescentes do setor energético.
O diálogo com comunidades locais e movimentos sociais será uma prioridade. Consultas públicas, audiências participativas e diretrizes mais rígidas para mitigar impactos socioambientais fazem parte das propostas do novo diretor. Segundo ele, a meta é fortalecer o papel do IDEMA como mediador, garantindo que projetos de grande porte contemplem, desde o início, planos de compensação e medidas que preservem as formas de vida tradicionais.
“Importante mencionar que 2025 é ano de Conferência Estadual e Nacional do Meio Ambiente, bem como de realização da COP 30 no Brasil. E o RN estará conectado às essas iniciativas de escuta, participação popular e de inovação envolvendo a pauta ambiental e das mudanças climáticas”.
Parcerias, licenciamento e fiscalização
Dantas também destacou que a atuação do IDEMA não se dá de forma isolada. Parcerias com prefeituras, governo federal e organizações não governamentais serão fundamentais para ampliar a fiscalização e as ações de educação ambiental. “O IDEMA, por si só, não consegue fazer tudo. Precisamos de uma atuação conjunta para ampliar a fiscalização, o licenciamento de empreendimentos e a educação ambiental. Isso envolve cooperação em diversas esferas e um esforço coletivo em prol do desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte”, afirmou.
A inovação para dinamizar e reduzir o tempo na emissão das licenças ambientais é um desafio e meta prioritária para o órgão em 2025.
“Vamos prosseguir com a gestão exitosa que o governo da Professora Fátima Bezerra vem realizando e aperfeiçoar a emissão de licenças ambientais, reduzindo o tempo e simplificando fluxos com o objetivo de garantir o desenvolvimento sustentável do RN aliado à preservação ambiental”.
O reforço no licenciamento e na fiscalização busca atender a uma demanda crescente por controle e acompanhamento dos empreendimentos já instalados. Muitos desses projetos se expandem rapidamente, mas nem sempre o monitoramento avança no mesmo ritmo. A proposta do novo diretor é garantir que a fiscalização seja robusta, prevenindo danos ambientais antes que eles se tornem irreversíveis.
O caminho à frente
A nomeação de Thales Dantas representa a continuidade de uma política que tem como base a conciliação entre crescimento econômico e preservação ambiental. O IDEMA segue como o órgão que sustenta essa balança delicada, onde as decisões tomadas refletem diretamente na qualidade de vida das populações e na conservação dos ecossistemas.
Para Dantas, o desenvolvimento sustentável não é uma meta distante, mas uma prática diária. “Desenvolvimento sustentável não é apenas um conceito teórico. Ele se concretiza quando há diálogo contínuo entre o setor produtivo, movimentos sociais, comunidades tradicionais e a população em geral. O IDEMA precisa estar presente, ouvindo e equilibrando esses interesses”, concluiu.
O desafio de Thales Dantas à frente do IDEMA será manter viva essa ponte de diálogo, garantindo que o avanço econômico do estado não deixe para trás aqueles que, há gerações, moldam o território com seu modo de vida e sua relação profunda com a terra e o mar.
Sobre Thales Dantas
Advogado, Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com experiência em Direito Administrativo, Constitucional, Internacional e Direitos Humanos. Thales já exerceu os cargos de Chefe de Gabinete do Procurador-Geral do Estado e Assessor Governamental Normativo da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entre 2019 e 2022. Entre 2023 e 2024, esteve no cargo de Coordenador Jurídico do Gabinete Civil da Governadora do Estado (GAC), além de ter exercido a coordenação do Projeto Orçamento Participativo do Rio Grande do Norte no ano de 2024. Exerce, desde 2019, a função de Presidente do Comitê Estadual Intersetorial de Atenção aos Refugiados, Apátridas e Migrantes do RN (CERAM)