
Hoje pela manhã, em um grupo de whatsapp aleatório, logo após eu publicar a pesquisa SETA que atestou a virada de Natália, alguém publicou a imagem de uma “flor do mato”, recém nascida.
Incrível o gatilho que isso me trouxe.
Lembrei do poema “A flor e a náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, e lembrei de Natália.
O poema retrata um homem desiludido com a existência, que caminha numa cidade cinza e cheia de injustiças.
“Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.”
Mas um dia algo muda. Uma flor rasga o cinzento asfalto.
“Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.”
Natália é essa flor na Natal cinzenta, onde há quarenta anos nenhum problema se resolve.
Natália é a flor que rompeu o asfalto da política coronelesca da Capital.
É de Natália que Carlos Drummond de Andrade fala no final do poema, ao escrever que a “flor furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.
Uma flor que nasceu para fazer história.
E fará.