Hoje, 08 de dezembro, celebra-se o dogma da Imaculada Conceição de Maria. A seguir, explicamos um pouco da lógica por traz da referida profissão de fé.

Primeiro, deve-se compreender que razão da Imaculada Conceição não gira em torno de Maria, mas de Jesus, enquanto PERFEITO mediador da Salvação.

De fato, está escrito que “todos pecaram e estão destituídos da Glória de Deus” (Rm 3,23), o que levaria a crer que Maria também teria pecado. Ocorre, porém, que Paulo aí estabelece uma regra geral, que não necessariamente se aplica a “todos e cada um”.

Em Mt 10,22, por exemplo, Jesus diz que os apóstolos seriam odiados por TODOS em razão do nome dEle. Ora, o termo não pode significar literalmente todos os homens, pois se literalmente todos odiassem os apóstolos, não haveriam novos convertidos. A bíblia apresenta outras exceções a regras gerais. Por exemplo, embora a regra geral seja morrer uma só vez (Hb 9, 27), temos pelo menos três exceções: o do filho da viúva de Naim (cf. Lc 7, 11), o da filha de Jairo (cf. Mt9, 18; Mc 5, 21; Lc 8, 40) e o de Lázaro (cf. Jo11, 1).

Mas por que convinha que Maria fosse uma Exceção a Rm 3,23?

Sabemos que Jesus é perfeitamente homem, uma vez que nascido de mulher, nascido sob a Lei (Gl 4,4). Ocorre, que os homens em geral herdavam a mancha do pecado original no ato da concepção no ventre materno, pois está escrito: “Eis que NASCI NA CULPA, minha MÃE concebeu-me no pecado (Salmo 51,5)”. Logo, se Maria tivesse a mancha do pecado, a teria passado para Jesus na concepção, à medida que toda a carne de Jesus veio de sua mãe.

Sabemos, porém, que Jesus experimentou em tudo a humanidade, exceto o pecado (Hb 4,15) e que toda a sua carne era bendita  (Rm, 9,5). Ora, se a pureza do Verbo Divino uniu-se perfeitamente à carne humana herdade de Maria, é porque tal carne nunca foi manchada pelo pecado, uma vez que o puro jamais poderia vir do impuro (Jó 14,4).

O centro da Doutrina da Redenção é que Cristo veio para aniquilar o pecado. Aquele que veio destruir um inimigo, não pode trazê-lo consigo na carne, nem na memória, pois não é possível a união entre justiça e iniquidade, luz e trevas (II Cor 6, 14).

Nesse sentido, proclamar a Imaculada Conceição não é dizer que Maria não precisava ser salva, mas sim que foi Salva desde a concepção.

Se Cristo é perfeitíssimo mediador da Salvação, como de fato é, deve ser capaz não apenas de sanar o pecado nos filhos de adão, mas também preveni-lo, mediante o gozo antecipado dos méritos do sacrifício na Cruz, uma vez que, sendo senhor do sábado (Lc 6,5), também é senhor do tempo. Convinha que o filho de Adão perfeitamente redimido desde a concepção fosse a mãe de Jesus, para que Ele pudesse dela herdar uma carne sem mancha, que seria sacrificada na cruz.

A Arca da Antiga Aliança foi feita do material mais puro (Êx 37), porque iria guardar a palavra de Deus nas tábuas de pedra, o maná do céu e a vara do sacerdote Arão. Assim também a Arca da Nova Aliança, Maria, deveria ser pura, para carregar no seu ventre Jesus Cristo, que é a Verdadeira Palavra de Deus, o Verdadeiro Pão da Vida e o Verdadeiro Sumo Sacerdote (Hebreus 9,4; João 1,1; 6,51 e, novamente, em Hebreus 5,4-5).

Jesus, sendo a encarnação da Sabedoria de Deus, conforme assevera Paulo em I Cor 1,24, não poderia habitar num ventre manchado pelo pecado, pois está escrito que “a sabedoria não habitará num corpo sujeito ao pecado (Sab. 1,4). É por isso que Isabel, CHEIA DO ESPÍRITO SANTO, exclama em direção a Maria: “BENDITA és tu entre as mulheres, BENDITO é o FRUTO do teu ventre” (Lc 1, 42). A utilização do mesmo adjetivo tanto para Maria quanto para Jesus indica que ambos, embora por causas diferentes, foram preservados do pecado, uma vez que “não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” (Mt 7,18).

CONCLUSÃO: Maria foi preservada do pecado original desde a concepção, não por méritos próprios, mas por gozar antecipadamente de uma graça plena (Lc 1,28), para que Jesus não tivesse em seu corpo sequer a lembrança pecado, sendo esta uma condição necessária à perfeição do seu Sacrifício na Cruz e, por consequência, à perfeição da redenção por ele operada.

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