
Presidente da Câmara se omitiu em 2024 na votação do imposto sobre grandes fortunas e, meses depois, ajudou a derrubar aumento do IOF
Por Cleber Lourenço
ICL Notícias – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), evitou se posicionar em outubro de 2024 durante a votação de uma das principais iniciativas para estabelecer a justiça fiscal no país: a criação de um imposto sobre grandes fortunas.
A ausência do deputado na análise da emenda apresentada pela federação PSOL-Rede combina com sua atuação ativa, em junho de 2025, para derrubar o decreto presidencial que elevava a alíquota do IOF sobre aplicações financeiras, uma medida que afetaria principalmente os mais ricos.
Na ocasião, a emenda da federação PSOL-Rede foi rejeitada por ampla maioria: 262 votos contrários e 136 favoráveis. Apenas PT, PCdoB, PV e PSB orientaram suas bancadas a favor da medida, enquanto o governo liberou seus parlamentares para votar como quisessem. O Centrão e a oposição se unificaram para barrar a proposta, que previa incorporar o imposto no projeto de regulamentação da reforma tributária. Motta, embora presente nos bastidores, não registrou voto e não articulou apoio.
O contraste se evidenciou meses depois, quando Motta liderou a sessão que derrubou o decreto do Executivo para aumentar o IOF para investidores. A medida era defendida pelo Ministério da Fazenda como alternativa para reforçar a arrecadação sem penalizar os mais pobres. O presidente da Câmara não apenas pautou a votação como votou pela revogação, contribuindo para uma derrota estratégica do governo Lula.
A omissão de Motta diante da proposta de taxação das grandes fortunas, seguida de sua liderança para barrar a elevação do IOF, reforça a percepção de que sua presidência na Câmara favorece uma agenda legislativa alinhada aos interesses da elite econômica. Crítico da elevação de tributos para os investidores e ausente em iniciativas de justiça fiscal, o deputado paraibano tornou-se símbolo de um Congresso que protege os privilégios dos mais ricos enquanto mantém a carga sobre a maioria da população.