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Por Santo Tito

Como fazemos normalmente, em oito de dezembro de 2024, estivemos no Recanto das Águas para nos deliciarmos com a natureza viva que nos empresta o espelho d´água da Barragem Campo Grande. Esse passeio cotidiano permitiu que pudéssemos monitorar o movimento dos clientes e, com base nisso, criar uma coleta de números que nos autorizasse a propor algumas informações sobre a origem desses consumidores.

Até o momento em que chegamos àquele local as mesas estavam totalmente vazias. Na medida em que elas foram sendo ocupadas observamos que as pessoas eram desconhecidas, observação essa que, a propósito de uma curiosidade natural, nos induziu a produzir uma enquete.

Utilizando-nos de uma iniciativa que não faz parte do nosso perfil, fomos de mesa em mesa e, com orgulho, constatamos que aqueles consumidores eram mesmo turistas. Inclusive um casal de motoqueiros, freguês assíduo do Motofest, estava vindo de Natal especificamente para se hospedar naquele lugar e desfrutar da tranquilidade ali existente e que já era do seu conhecimento.
Em 11 de abril 1984 ocorreu a primeira cheia da nossa tão decantada Barragem, o que nos autoriza a dizer que este é o ano do seu quadragésimo aniversario. Mesmo que a entrega oficial tenha sido efetivada em 20 de fevereiro de 1986. A penúltima sangria havia ocorrido em 27 de abril de 2011. E a exatos treze anos depois, 12 de março de 2024, fomos contemplados com uma cheia que nos envaidece e promete a criação de um polo turístico condizente com o esplendor de suas águas.

O presente que nos foi ofertado com a magnitude desse corpo d´água, seria muito natural que neste ano festejássemos esses quarenta anos de vida, os quais nos trouxeram um ânimo desenvolvimentista nunca imaginado. No entanto será necessária uma administração futurista, mais interessada no que São Paulo do Potengi terá de retorno caso invista uma ínfima parcela do nosso FPM num pequeno planejamento arquitetônico, e que não descaracterize a beleza natural do lugar.

Os bares e restaurantes que estão se instalando próximos às suas margens ainda sofrem com a falta de infraestrutura de acesso. Então, qual a funcionalidade dessa iniciativa e do porquê de uma enquete? Simples. Turista não mede recursos. Apenas quer ter um atendimento vip. Se ao chegar no local se depara com um cenário que em nada corresponde às suas expectativas, a primeira intensão é voltar.
Nesses quarenta anos, em que se revezaram três nomes no executivo municipal, nada de substancial foi feito visando a implementação de alguns atrativos a mais. É bem provável que a demanda por recursos não tenha sido suficiente para atender as intenções mínimas de quem esteve no poder.

Uma garrafa de cerveja, um quilo de carne ou peixe, uma visita às lojas de vestuário. O aumento de consumo dos visitantes está atrelado, em parte, às benesses da nossa barragem. Assim, o que pudemos ver nesse dia dedicado à essa verificação é o quanto a Barragem Campo Grande tem a nos ofertar de retorno. Ela vai secar? Vai. De acordo com os movimentos das chuvas todas secam. Inclusive rios inteiros.

O Mar de Aral, em seu auge, foi o quarto maior corpo de água interior do mundo, ocupando uma área de 68.000 km². No entanto, devido à pressão agrícola e industrial, o mar desapareceu e se tornou um paradigma da degradação ambiental. Além disso, milhões de anos atrás, o Mar Mediterrâneo quase sumiu da face da Terra devido à Crise de Salinidade do Messiniano. Mas enquanto isso não acontecer e continuarmos cuidando da natureza, ela será a nossa galinha dos ovos de ouro. Em quaisquer que sejam as circunstancias em que ela seja utilizada para o desenvolvimento de São Paulo do Potengi.

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