Por @silverioalvesfilho
Até os maiores fofoqueiros têm vergonha de defender publicamente que o ato de fofocar é correto. Publicamente, criticam a fofoca; nos círculos privados, praticam a fofoca.
Mas o fato é que não existe fofoca sem fofoqueiro.
Pela nossa natureza frágil, tendemos a fugir da dor e a buscar os prazeres fáceis, dentre os quais, justamente, a fofoca.
Sim, a fofoca dá prazer e é fácil de se encontrar. Rapidamente, compartilhando a ruína dos outros, sentimos como se tivéssemos tomado um analgésico para a nossa própria desgraça. Nossos problemas já não parecem tão grandes, pois focamos nossa atenção no outro que sofre.
E o pior é que o fofoqueiro nem se sente mal por compartilhar a desgraça e colaborar com o sofrimento do outro. Na maioria das vezes, ao contrário, ele ri.
A causa da fofoca é o fofoqueiro, o qual deve ser combatido mais do que a própria fofoca, como bem lembra a Escritura: “Sem lenha a fogueira se apaga; sem o caluniador morre a contenda” (Provérbios 26:20).
Mas combater o fofoqueiro não é combater o outro, e sim a nós mesmos. Somos diariamente tentados a experimentar o “analgésico da fofoca”. Se eu resisto, teremos um fofoqueiro a menos. Se você, que está lendo este texto, resiste, já serão dois a menos. E assim sucessivamente.
Antes de compartilhar a fofoca, reflita sobre suas próprias falhas, e o quanto sofreria se você ou um familiar estivesse naquela situação. Fale, para si próprio, as palavras de Jesus quando sentenciou: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão” (Mt, 7,5).