Por @silverioalvesfilho

Aproximando-se as eleições municipais, começam as especulações de quem serão os nomes que disputarão o Executivo e o Legislativo.

Como de costume, sempre surgem aqueles que se dizem “o novo”, que se propõem não apenas a renovar as cadeiras, mas a mudar o próprio modo de se fazer política.

O discurso do “novo” é um discurso envolvente. Muitas vezes encontra eco na sociedade e os aspirantes aos cargos conseguem alcançá-los.

O grande problema é que esse “novo”, após eleito, quase sempre mostra que não era tão novo assim. Quatro anos depois, as coisas sendo feitas do mesmo modo, com aquele estilo de política velha de interior.

E aqui apenas constato um fato, não critico pessoalmente a quem propôs um novo modo de fazer política e, após eleito, não o fez. Talvez tenha tentado, e o sistema não tenha permitido.

Por isso, eis a questão central: nenhum político, sozinho, consegue mudar o modo antigo como se faz política no município. Mas, sendo a pessoa certa, pode pelo menos romper as primeiras barreiras. Dar o primeiro passo.

Um ponto fundamental para isso é não encarar a política como fonte de renda ou como profissão. Por mais bem intencionado que seja, um político profissional jamais vai mudar “o sistema”, pois depende dele, vive dele. No final, as boas intenções serão vencidas pela necessidade de se reeleger. Assim, é preciso alguém que não esteja preocupado nem com a renda do cargo, nem com a reeleição.

Vem à minha memória o exemplo do professor Ozias, o bom vereador que São Paulo do Potengi não teve.

Em 2008, Ozias saiu candidato pelo PT, com a proposta de não gastar um centavo e com foco na juventude, com a qual tinha contato pela educação. Ozias teve votação expressiva, 327 votos. Mas não se elegeu.

Houve quem dissesse que Ozias foi “besta”. “Se tivesse gastado um pouco, teria sido eleito”, cheguei a escutar.

Ozias entrou e saiu da política como um relâmpago. Este foi inclusive o tema de um artigo que escreveu na Gazeta do meu pai, no citado ano, após o pleito.

Há quem diga que não valeu de nada. Mas, pelo menos para mim, valeu. Tanto que escrevo sobre o fato quase 15 anos depois, por recordar uma lição que, de lá para cá, tornou-se ainda mais clara: quem pretende ser novo e mudar o jeito antigo de se fazer política tem de ser radicalmente novo. Caso contrário, será tapeação, e não renovação.

Afinal, é como disse Nosso Senhor: “Ninguém coloca remendo novo em roupa velha; porque o remendo força o tecido da roupa e o rasgo aumenta”.

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