Josias de Souza, Jornalista

A prisão de Lula espalhou entre os poderosos da política um sentimento muito parecido com o que inquieta os ambulantes que comercializam produtos pirateados nas esquinas das grandes cidades. Os encrencados graúdos, ainda protegidos dentro da bola do foro privilegiado, passaram a enxergar a Lava Jato como uma espécie de rapa. Não importa o cargo ou o partido. De Michel Temer a Aécio Neves, todos passaram a cultivar o receio de que, depois do que aconteceu com Lula, o rapa pode recolher qualquer um na primeira esquina.

Intensifica-se em Brasília a pregação segundo a qual a Lava Jato está criminalizando a política. Pensando bem, faz todo sentido. A maior operação anticorrupção já deflagrada no país está colocando atrás das grades criminosos que utilizaram seu poder político para armar com empresários desonestos emboscadas contra o erário. Quem criminalizou a política foram os criminosos, não os investigadores ou os magistrados.

Nesse contexto, a prisão de Lula pode representar um marco ou um fiasco. Seria um marco se o rapa migrasse da periferia onde estão os ‘sem foro’ para os salões dos afortunados ‘com foro’. Seria um fiasco se o Supremo Tribunal Federal modificasse a regra que permite a prisão de condenados em segunda instância e retardasse eternamente a conclusão do julgamento que restringirá a abrangência do foro privilegiado. A combinação dessas duas novidades nefastas inibiria o único sentimento capaz de reduzir o índice de corrupção no Brasil: o medo do rapa.cesse a Postagem Origina

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