Conforme prometido ontem, passamos a realizar uma análise da oração CONTRIÇÃO E SÚPLICA, feita por Monsenhor Expedito e recentemente encontrada pela professora Cruzinha Campos. Para tanto, dividimos a oração em 5 partes, conforme transcrição a seguir: 

1 – TRANSCRIÇÃO

CONTRIÇÃO E SÚPLICA

(I) 

Senhor Deus de misericórdia, nós estamos sofrendo merecidamente por causa dos nossos pecados. Nós somos injustos porque temos ofendido o nosso próximo, suspeitando mal, desejando mal, falando mal, caluniando, ameaçando, oprimindo, esquecidos de que ele é imagem de Deus. 

(II)

Senhor, perdoai nossos crimes e fazei voltar a paz a nossa comunidade. Senhor, estendei o Vosso Braço Poderoso em nossa defesa e realizai entre nós as Vossas Maravilhas de outrora. Senhor, quebrai a força dos que querem fazer o mal, a fim de que eles reconheçam que só Vós sois o PODEROSO. Senhor, iluminai os fracos e sustentai os fortes na Fé, para que demos testemunho de amor trabalhando com as pessoas de boa vontade pela união da nossa comunidade. 

(III)

Nós Vos pedimos por Vosso Filho Jesus, vencedor do mundo e da morte, na Unidade do Espírito Santo. Nossa Senhora das Dores, Rogai por nós. São Paulo, Rogai por nós. 

(IV)

(Faça uma mortificação hoje) 

(V)

Do Vigário de São Paulo do Potengi/ RN

2 – ANÁLISE DAS 5 PARTES

 – PARTE I 

A primeira parte da oração diz respeito à CONTRIÇÃO: reconhecimento e arrependimento pelo nosso estado de pecado. Para sermos perdoados é preciso que nos reconheçamos enquanto pecadores e que nos arrependamos de termos pecado. É preciso se humilhar diante de Deus. O trecho guarda um paralelo com o Salmo 51, em que Davi reconhece seus pecados, bem como com 2 Crônicas 7,14. 

– PARTE II 

A segunda parte diz respeito a SÚPLICA. Após o reconhecimento do pecado e o arrependimento, é preciso pedir misericórdia. Esse é o sentido, por exemplo, do Ato Penitencial que ocorre nas missas. Há aqui um paralelo com diversos salmos, podendo-se citar o 46, 51, 143. Há um paralelo, mais uma vez, com 2 Crônicas 7,14. Além de se humilhar diante de Deus, é preciso clamar a Ele por misericórdia, reconhecendo que apenas Deus tem poder sobre o mal e apenas Ele pode nos conceder esta Graça. Detalhe interessante é que Monsenhor Expedito clama pela comunidade. O cristianismo, desde a época dos Atos dos Apóstolos, se vive em comunidade. Só em comunidade é possível cumprir o mandamento de amarmos uns aos outros como Jesus nos amou (Jo 15,12).

– PARTE III

A terceira parte é o clamor final, de caráter sacerdotal. Identifica que aquele que escreveu a oração é um sacerdote de Deus, pois termina o clamor em nome de Jesus Cristo e na Unidade do Espírito Santo, assim como nas orações feitas pelo padre na Missa. Clama, ainda, pela interseção de nossa Senhora das Dores, o que demonstra o contexto penitencial da oração. Clama pela interseção de São Paulo, padroeiro da Paróquia, que também sofreu muito fisicamente enquanto vivo, chegando a dizer que completava em seu corpo o que restou das aflições de Cristo (Col 1,24).

– PARTE IV

Aqui padre Expedito pede que façamos uma mortificação. Mortificação é um ato de fazer algo que você não  nos dá prazer, a fim de que domar nossas vontades e direcioná-las a Deus. É o caso do jejum, por exemplo. Faz parte do reconhecimento da nossa fragilidade, da nossa insuficiência e da sempre atual necessidade de se dominar a carne para fortalecer o espírito. 

– PARTE V

Padre Expedito não assina nem coloca a data da oração. O fato de não assinar, identificando-se apenas como o vigário, demonstra que, para ele, a mensagem de arrependimento e clamor a Deus é mais importante do o que mensageiro. Como Sacerdote, é seu dever sumir, para que Cristo apareça. Talvez alguns acontecimentos históricos tenham levado o padre a escrever aquela oração. Ao não colocar a data, ele impede que esses acontecimentos sejam conhecidos e ofusquem o que realmente importa: a oração em si, que, não sendo datada, possui caráter atemporal e, por isso, sempre atual.

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