Deu no Jornal do Woden Madruga (Tribuna do Norte): Do Monsenhor Expedito

Hoje à noite, coisa das 19 horas, na cidade de São Paulo do Potengi, será lançada a segunda edição do livro do Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, Pelos Caminhos do Potengi. Será na sede da Câmara Municipal. Esperava que fosse no Memorial que tem o nome do grande padre e do grande homem. Mas fiquei sabendo, domingo, no andar pela feira, que o prédio do Memorial (a casa onde viveu o Monsenhor) está muito deteriorado. Ele pertence à Fundação José Augusto. O arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha estará presente.

É de Dom Jaime o prefácio desta segunda edição. O da primeira, publicada em 1990, é de Dom Helder Câmara. Uma edição bem modesta, mimeografada, artesanal mesmo, que foi bancada pela Secretaria de Estado do Trabalho e Fundação José Augusto. No livro, Monsenhor Expedito faz um resumo dos seus 50 anos de padre. Uma preciosa condensação de uma rica missão. Dom Helder chamou de “síntese maravilhosa”. Guardo com muito carinho e orgulho um exemplar da primeira edição, autografado generosamente pelo Monsenhor: “Woden, você colaborou nesta obra. Ficaria com dor na consciência se não lhe manifestasse minha gratidão. Um abraço do mano velho Expedito. 26 – 2 – 91.”

Nesta segunda edição, com um tratamento gráfico de qualidade (Flecha do Tempo Editoral e Offset Editora), destaca-se a parceria da Arquidiocese de Natal com o Grupo de Estudos da Complexidade (Grecom), da UFRN. A apresentação é da professora Maria da Conceição de Almeida e o prefácio de Dom Jaime Vieira Rocha, que também é o autor da tese de mestrado “Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros: um arauto da dignidade humana no sertão potiguar”.

Abro o livro na página 43, o Monsenhor Expedito falando sobre os sindicatos rurais, criação sua:

“Numa das reuniões do clero com Dom Eugênio, foi discutida a sugestão da criação dos sindicatos rurais. Eu e padre Antônio Vilela Dantas, de Serra Caiada, não esperamos mais por  ninguém e começamos os sindicatos, daqui e de lá, em novembro de 60. Verificamos logo que o sindicato exigia a presença de um advogado. Dez padres, nos cotizamos com Cr$ 100,00 mensais para contratar um. Nesse ínterim, por decisão de Dom Eugênio, o SAR contratou o Dr. Barreto. A emissora dava cobertura, com o programa “Em marcha para o campo”.

Todos podem avaliar o rebuliço que se deu no meio rural. Sofri muito e fiz os outros sofrerem. Estava convencido de que esse era o caminho certo: o homem tinha de caminhar com seus pés, mesmo que seus passos fossem pela mão da Igreja. Fui compreendendo que o ministério da reconciliação não se faz com omissão, nem a qualquer preço. E o sofrimento era necessário para a conversão. 

Tudo isso causava admiração de uns e revolta dos outros. Eu escrevia carta aos mais revoltados, explicando a presença da Igreja, mas dava pouco resultado, porque achavam que a Igreja estava virando comunista. 

Comecei a me sentir mais perto do povo e sofrer com ele. Rezei muito e li muito. Exultei de alegria com a carta “A Igreja, Mãe e Mestre”, de João XXIII. O rumo estava certo. O Concílio Vaticano II estava em andamento e seus admiráveis documentos mostravam o trabalho do Espírito Santo na renovação da Igreja.” 

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