Por Silvério Filho
Conforme já noticiado aqui no Blog, na noite desse sábado, 18 de julho, faleceu o Bispo Titular da Diocese de Palmares-PE, Dom Henrique Soares da Costa, vitimado por Covid-19. O sacerdote vinha se destacando nos últimos anos pelas ótimas catequeses e ensinamentos em geral disponibilizados em suas redes sociais, gratuitamente.
Na humilde Diocese de Palmares, cuidou do rebanho de fiéis como verdadeiro pastor, orientando-os na fé e na caridade. Nas redes sociais, surgiu como voz profética que falava diretamente às almas dos católicos, algo um pouco difícil de se ver, num momento em que o materialismo e o relativismo encontram cada vez mais espaço entre os fiéis.
Quem lia seus escritos, assistia suas pregações e, principalmente, participava das missas por ele celebradas, percebia o amor e a visceralidade com os quais entregava-se à vocação do sacerdócio, pregando o Cristo Crucificado, que permanece sendo para muitos um escândalo ou uma loucura, como era na época dos apóstolos. Em uma pregação de 2014, direcionada aos jovens, asseverou:
“Nossa geração precisa de perseverança, precisa entender que o amor verdadeiro morre pelo amado. E o amor que não tem a coragem de morrer pelo amado não é amor! Não chame de amor, chame de folia, paixão, sentimentalismo, mas não brinque com essa palavra. Amor, quer saber o que é? Olhe para a cruz. Quer saber as consequências do amor? Olhe para a cruz!”.
Eu não estava lá, mas tenho certeza que, no momento fatal, quando sua alma separou-se do corpo, Dom Henrique encontrava-se tranquilo, sem preocupações materiais, ciente de que a morte não tem mais poder, ao contrário: a morte é uma amiga, que nos possibilita nascer em definitivo para a vida ao lado do Senhor Jesus. Como enfatizava em diversas das suas pregações, ele mantinha o olhar fixo no Cristo, autor da história e da vida, para o qual, mais cedo ou mais tarde, haveria de voltar com alegria. Foi o próprio Dom Henrique que escreveu há mais de dez anos, quando foi assaltado e espancado por ladrões [1], uma bela declaração de amor que, agora, serve como uma despedida:
“É verdade! Estou nas mãos Dele! Seja Ele minha vida, seja Ele minha força, seja Ele a alegria dos meus dias e o sentido da minha existência! Dele vim, Nele vivo, para Ele vou! Seja bendito o Seu Nome em mim, quer na vida quer na morte! E que Ele nunca permita que Dele eu me separe! – Hoje, como há oito anos, in manus Tuas, Domine (nas Tuas mãos, Senhor)”
[1] https://pt.aleteia.org/2018/03/20/testemunho-o-livramento-do-senhor-na-vida-de-dom-henrique-soares/