A Polícia Nacional da Nicarágua, a serviço do ditador Daniel Ortega, prendeu mais um padre. Motivo: suposta “traição à pátria”. A prisão ocorreu na terça-feira 23, e os agentes confirmaram a informação na quinta-feira 25.

O padre preso é Jaime Iván Montesinos Saucedas, 61 anos. Ele é pároco da Igreja Juan Pablo II, localizada no município de Sébaco. Trata-se de uma diocese presidida por D. Rolando José Álvarez Lagos, condenado a mais de 26 anos de prisão por crimes de “traição”.

“A Polícia Nacional está investigando o padre Jaime Iván Montesinos Sauceda por cometer atos que atentam contra a independência, contra a soberania e contra a autodeterminação da nação, de acordo com o artigo 1 da Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania, Autodeterminação e Paz”, justificou a corporação, na nota à imprensa.

A ditadura da Nicarágua ataca a Igreja Católica desde 2018. E deu início a uma onda de prisões de líderes católicos em 2022. O ex-embaixador da Organização dos Estados Americanos (OEA) Arturo McFields disse ao jornal Articulo 66 que os ataques à Igreja Católica na Nicarágua não são novos e que a ditadura prende os padres para descredibilizar a Igreja diante da população. “O que a ditadura faz é aplicar a teoria de matar o mensageiro, isto é, difamá-lo”, disse. “Acuse-o de embriaguez ou de qualquer outro crime. O objetivo é caluniar a Igreja e seus padres, especialmente aqueles que pensam diferente e que em algum momento estiveram próximos do monsenhor Rolando Alvaréz.”

Ortega acusa Igreja Católica de apoiar protestos contra seu regime

O monsenhor Rolando Alvaréz, bispo da Diocese de Matagalpa, é um dos líderes católicos mais importantes presos pela Nicarágua. Ele é um crítico ferrenho da ditadura de Ortega.

O ditador nacaraguense já qualificou os bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) como “terroristas”. Ele acusa a Igreja Católica de ter apoiado os protestos contra o seu regime em 2018.

Os cristãos já nem podem fazer procissões de Páscoa na Nicarágua. Duas freiras foram expulsas do país e outras 2 mil organizações privadas foram proibidas, incluindo sindicatos empresariais e universidades católicas.

Neste mês, Ortega também fechou a Cruz Vermelha na Nicarágua e confiscou seus bens.

Por Revista Oeste.

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