Por Santo Tito, funcionário aposentado do Banco do Brasil

Estamos em tempo de meio ambiente. O mundo todo está conjugando o mesmo verbo. Foram treze anos sem que a natureza nos desse o prazer de fazer com que os nossos olhos brilhassem com a coloração escura dos nimbos, prontos para se desfazer em águas claras da chuva.

Entretanto, nós, pretensos humanos, que criamos a Barragem Campo Grande e nela depositamos todas as nossas esperanças para viver em comunhão de paz com esse ecossistema que tantos frutos nos proporciona (lazer, econômico, paisagístico, turístico), deixamos escorregar pelos entrededos essa bela construção, fruto de uma luta gloriosa que, aqui, foi enfrentada pelo Padre “Monsenhor Expedito”. Mas porquê?: “…deixamos escorregar pelos entrededos essa bela construção…”.

Vejamos! O normal é colocarmos na conta do executivo municipal todos os erros por nós cometidos, as agressões diárias que fazemos ao meio ambiente, intencionalmente ou não. Mas, para melhor entendermos essa que é a realidade do nosso cotidiano, bastaria que nos detivéssemos na averiguação do tanto de detritos (pneus, peças de automóveis, animais mortos, plásticos, garrafas, etc…) jogados diariamente no Rio Potengi pelos 16.786 habitantes do municipio (conforme o último censo).

Eu mesmo, entre tantos outros absurdos, presenciei uma atitude inusitada, mas característica do nosso desapreço e desapego à natureza. Subindo a ladeira do Rio Potengi, no final da rua Manoel Henrique, vi uma senhora descendo no sentido do rio carregando alguns pacotes. Ao me ver, e sabendo do meu cuidado com aquele pequeno espaço, na prática a colaboradora pensou em voz alta: “…ela mandou jogar no rio!…”. Interessante que a Patroa nem morava tão próximo daquelas imediações.

Quando a NASA manda um foguete vasculhar outros planetas do nosso sistema solar, não é por outra coisa, a exploração tem como um de seus princípios basilares saber a existência, ou não, das condições mínimas (ar e água) para presença de vida humana. Isso, na realidade, se presume seja o inicio da procura de um porto seguro para a fuga de um mundo que se derrete ao sabor da ganancia empresarial.

Concluindo, eu preciso me despir de alguns pudores e voltar a um passado nebuloso em que foi imposto às escolas uma matéria com o nome de Educação Moral e Cívica, que não era de todo tão sórdida assim. Mas, quem sabe, hoje, Educação Ambiental não seria uma boa ideia? Ao menos poderíamos mostrar a essa garotada que está por aí o mapa do caminho que leva não ao celular, mas aquele que leva o lixo para o lixo. E fazer com que essa mesma garotada (precursores de um futuro quase presente), que anda lendo e escrevendo muito pouco, totalmente dependente das mídias sociais, saiba que quem aprende a lidar com o meio ambiente passa a entender que “cidade limpa (e o rio também) pertence a povo educado”.

Categorias