Do Cidades – O ano era 1980 e o Brasil estava sob o comando do regime militar quando, em 20 de março, o jornal ‘O Alerta’ circulou pela primeira vez em São José de Mipibu, na Grande Natal. O jornal era fruto da inquietação de quatro jovens amigos – José Alves, Paulo Palhano, Gilson Matias e Maria Neli – que pretendiam dar à cidade uma alternativa de informação, divulgando os acontecimentos do município, além de servir como um espaço de reflexão para o momento de abertura política que o país começava a viver.

A tiragem inicial foi de 40 exemplares mimeografados. Passados 44 anos, 526 edições, ‘O Alerta’ passou por muitas transformações gráficas, acompanhando a evolução da comunicação e da própria tecnologia a serviço da informação.

De início, a edição quinzenal era datilografada em máquina Olivetti e rodava em mimeógrafo em duas folhas de papel, tipo ofício. Depois, teve o número de páginas ampliado para atender o leitor cada vez mais exigente, que queria mais notícias – fase que durou até agosto de 1989.

Na segunda fase, já em tamanho 32 cm x 46 cm, o jornal obteve boa aceitação, contando com a colaboração de anunciantes do comércio local que acreditavam na linha editorial do periódico.
Em 2002, o jornal foi impresso pela primeira vez em policromia, atraindo a atenção dos leitores. Nesse período além da digitação em computador, já eram utilizadas fotografias virtuais.

Editor do periódico desde a fundação, José Alves conta que toda vez que ‘O Alerta’ completa mais um ano de existência, é motivo de uma grande alegria: “Principalmente quando transformamos em notícias os fatos que fazem o dia a dia de nossa comunidade. Este ano (2024) O Alerta chega aos 44 anos. Para chegarmos até aqui, ganhamos a confiança do leitor sendo um veículo responsável, ético, imparcial e comprometido com a realidade dos fatos, sempre procurando ouvir os dois lados da notícia”.

MOMENTOS MARCANTES
O jornalista José Alves destaca que diante de todo serviço prestado à comunidade, alguns momentos ficam marcados seja pela relevância do fato, seja pela emoção: “Dia desses uma leitora me chamou na residência dela e me apresentou uma edição do Alerta com folhas amareladas pelo tempo. É que em 1988 eu havia noticiado o nascimento de sua filha. Até hoje, ela guarda com carinho o jornal. Essas coisas não têm como não conter a emoção”.

“Dedé d’O Alerta”, também lembra da grande repercussão das matérias sobre o falecimento do Monsenhor Antônio Barros, que atuou por 53 anos na paróquia de São José de Mipibu e do líder político, Janilson Ferreira, que chegou a ser prefeito de São José de Mipibu por três vezes: “Foram acontecimentos muito tristes para toda a região. Para mim, foi difícil fazer as matérias com o sentimento de amizade que me unia aos personagens. Mas, em cada edição do Alerta há uma história sobre as matérias que escrevemos”.

A matéria que mais teve repercussão foi sobre a duplicação da BR-101, ressaltando a construção de um muro entre as duas pistas da rodovia. Esse muro além de “dividir” a cidade de São José de Mipibu, iria dificultar o deslocamento dos moradores de uma parte da cidade para o centro. Tão logo o jornal circulou, começou a indignação e reação da população. No mesmo dia, reuniões foram agendadas e realizadas com autoridades. Como não se chegou a uma conclusão, segmentos da comunidade convocaram a população para um ato de protesto contra a construção do muro e a reivindicação de um retorno (que não estava previsto no projeto). O bloqueio da BR-101 ocorreu e, logo em seguida, os representantes do DNIT atenderam os anseios da população, discutindo o traçado do projeto de engenharia, que posteriormente foi executado.

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