Por José Ibiapina
A paternidade é, especialmente após a encarnação de Jesus Cristo, um chamado ao sacrifício do homem.
Ainda na Antiga Aliança, o rei David, no leito de morte, aconselha ao seu filho Salomão a guardar as ordenanças de Deus e a ser homem (1 Reis 2). Ser homem, naquele contexto, era estar aberto à possibilidade de se sacrificar por Deus e por seu povo. Salomão, contudo, não foi capaz de cumprir tal conselho e, no final da vida, flertou com divindades pagãs, vindo a ser punido por Deus (1 Reis 11).
Mais tarde, contudo, Jesus Cristo, descendente de Davi, veio levar à plenitude aquele conselho: nasceu sob a Lei, cumpriu-a perfeitamente e amou a Igreja de tal modo, que sacrificou-se por ela. O Senhor foi, e continua a ser, o exemplo perfeito de masculinidade.
Nesse sentido aponta o Apóstolo Paulo, ao dizer que os esposos devem amar as esposas como Cristo amou e se entregou pela Igreja (Efésios 5,25). Dessa passagem, compreenda-se que os homens são chamados a sacrificar-se, se necessário, pela esposa e pelos filhos.
Ocorre, porém, que, infelizmente, o conselho do apóstolo Paulo anda esquecido. O homem, especialmente os jovens, têm buscado de modo irracional e compulsivo o prazer, por vezes o hedonismo e a “felicidade” material, de modo que tais objetivos parecem ter se tornado o referencial de masculinidade.
Ser homem, atualmente, tornou-se fugir da dor, em direção ao prazer. Tá infeliz no casamento? Separe-se da esposa. Teve uma gravidez indesejada? Convença a mulher a abortar ou largue-a, para que cuide sozinha da criança. Seu filho dá muito trabalho? Desista dele. Essas condutas, contudo, não são expressão da masculinidade para a qual o homem é chamado.
É urgente para os homens, especialmente os que são pais ou pretendem sê-lo, lembrar dos exemplos do Senhor Jesus e de São Paulo. É preciso saber que ser homem é estar disposto a sacrificar-se por aqueles que se ama. Saber que não existe amor se não há disposição para eventual sacrifício. É preciso compreender que não se deve fugir da dor, mas buscar cumprir as ordenanças de Deus, como aconselhou o Rei Davi ao seu filho, ainda que o cumprimento de tais ordenanças leve ao sofrimento físico e material. A dor, então, já não será sofrimento, mas amor. Eis o chamado da paternidade.