Por Juliana Bezerra

Carnaval tem sua origem na Antiguidade com festas aos deuses onde se permitia uma alteração na ordem social. Desta maneira, os escravos e servos assumiam os lugares dos senhores e a população aproveitava para se divertir. No Brasil, o Carnaval surgiu com o entrudo trazido pelos portugueses. Este consistia numa brincadeira quando as pessoas atiravam água, farinha, ovos e tinta umas nas outras.

CarnavalA palavra Carnaval é originária do latim, carnislevale, cujo significado é “retirar a carne”. Isso está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e também ao controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de controlar os desejos dos fiéis. 

Entrudo; era uma antiga celebração que acontecia nos três primeiros dias antes da Quaresma, e que foi substituída pelo atual Carnaval. Desde a Idade Média, se comemorava o carnaval em Portugal, com uma série de brincadeiras que variavam de aldeia para aldeia. Em algumas dessas comemorações, existiam grandes bonecos feitos de madeira, chamados entrudos, que foram os responsáveis por originar o nome da celebração. Porém, os entrudos não significavam apenas os bonecos, mas toda a festa em si e as brincadeiras. Quando o entrudo chegou ao Brasil, dividiu-se em dois tipos: entrudo familiar e entrudo popular. O Entrudo popular eram as festas feitas nas ruas das cidades e as principais características eram as brincadeiras com água, onde todos se molhavam. Já o Entrudo familiar acontecia nas casas das pessoas, onde os jovens tinham o costume de jogar limão de cheiro um nos outros 

Por sua parte, os africanos escravizados se divertiam nestes dias ao som de batuques e ritmos trazidos da África e que se mesclariam com os gêneros musicais portugueses. Esta mistura seria a origem da marchinha de carnaval e do samba, entre muitos outros ritmos musicais.

No começo do século XX, com o objetivo de civilizar a festa, a prática de lançar farinha e água foi proibida. Por isso, as pessoas começaram a importar dos carnavais de Paris e Nice o costume de jogar confetes, serpentinas e buquês de flores. 

O Carnaval de rua sobrevivia nos subúrbios e era animado pelas marchinhas, um gênero musical parecido às marchas militares, porém mais rápidas e com letras de duplo sentido. Considera-se que a primeira marchinha de Carnaval seja “Ò Abre Alas“, escrita em 1899 pela compositora carioca Chiquinha Gonzaga. Surgem os “ranchos”, as “sociedades carnavalescas” e os “cordões”, agrupações de foliões que saíam pelas ruas da cidade tocando as marchinhas e fazendo todos dançarem. Na década de 60, a marchinha deu lugar ao samba-enredo das escolas de samba.

Carnaval no Nordeste do Brasil: Na Bahia, embalados pelos trios elétricos (criação de Dodô e Osmar, em 1950), o samba, a batucada, o axé, a timbalada e os grandes grupos de percussão como os “Filhos de Gandhi” são a marca da festa baiana.

A festa carnavalesca da capital de Pernambuco e da cidade de Olinda é animada pelo frevo. Os recifenses utilizam os bonecos gigantes nos seus desfiles. Mais um costume europeu, pois em países como a Espanha são confeccionados enormes figuras de reis, rainha e a corte que passeiam pela cidade em certas festas religiosas. 

Curiosidade: O desfile de corso (cortejo de carros, comum nos carnavais antigos) ainda é uma tradição mantida no Carnaval de Teresina, no Piauí. 

No entanto, pela evolução dos costumes, o carnaval hoje não mantém as mesmas características de outrora, onde os concursos de marchinhas levavam as rádios a executarem diariamente todas aquelas músicas que seriam a tônica da maior festa nacional, e as editoras a produzirem livretos com todas as suas letras. Isto, refletindo o que acontece atualmente nos desfiles das escolas de samba, somado ao coro das torcidas alojadas nas arquibancadas dos sambódromos, induzia a memorização pelos foliões da época que as cantavam durante os bailes nos clubes, tornando a festa bem mais alegre e atraente, algo que motivava a todos preencherem os salões.

Com a popularização dos trios elétricos e dos carnavais de rua, a tônica agora são aquelas músicas que estão em voga no momento, atreladas às coreografias que são adaptadas ao ritmo do estilo musical.

Juliana Bezerra

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

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