Por @silverioalvesfilho
Numa vaquejada, ao lado da porteira de onde saem os bois, há dois vaqueiros: o “batedor de esteira” e o “puxador”.
O bate-esteira usa seu cavalo para se aproximar do boi, pegá-lo pelo rabo e entregar este rabo para o puxador, que tenta derrubar o animal.
Na política também há o bate-esteira, geralmente o candidato a vereador que está na nominata apenas para puxar votos para os “cabeças”, aqueles que têm chances reais de vencer.
Dentre os bate-esteiras da política, há queles que estão só para completar a cota de gênero, aqueles que estão lá para realizar um sonho, aqueles que serão o “quebra urna”, os bate-esteira comuns, que têm pouca quantidade de votos, mas ajudam, e o “bate-esteira de luxo”.
O bate esteira de luxo é aquele que tem muitos votos, mas não o suficientes para se eleger.
Em um certo município, de um certo Estado, de um certo país da América do Sul, havia um bate esteira diferenciado.
As nominatas disputavam-no
Ele era tão diferenciado que exercia liderança sobre outros bate-esteira, que acompanhavam seus conselhos.
Com a liderança que conquistou, colocaram na cabeça do “esteira” que ele poderia ser um “puxador”.
“Já faz muito tempo que você pega rabos para entregar aos outros. Tá na hora de começar a puxar o rabo do boi!”, disse-lhe um vaqueiro com vasta experiência em puxar rabos.
O esteira de luxo empolgou-se: “finalmente vou puxar o rabo!”, pensava constante e intensamente.
Inebriado pela ilusão de ser um puxador, o esteira não conseguia perceber que aquele homem que o incentivará tinha cordas vocais peculiares.
A voz daquele puxador experiente saía da sua boca com tons distintos dos das outras pessoas.
Eram as notas musicais do canto da sereia.