Por @silverioalvesfilho

Hoje pela manhã, 23, estivemos no Festival de Cultura da Escola Estadual Dinarte Mariz.

Lá, de tudo um pouco: música, ciências, matemática, literatura e até salão de beleza.

Depois de perder umas dez vezes nos jogos da sala de matemática (exatas não são o meu forte), resolvi ir na sala do cordel (aqui, sim, eu manjo).

Lá, uma explicação sobre três grandes escritores nordestinos: Ariano Suassuna, Câmara Cascudo e Patativa do Assaré.

Na parede, uma frase forte de Patativa: “É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”.

De fato, a nossa língua portuguesa, tão bela, muitas vezes é utilizada para segregar, afastar, dividir.

Patativa do Assaré, por meio do cordel, trouxe para os pobres a arte da poesia, que escondiam para si próprios os chamados “intelectuais”.

Poucas poesias são tão capazes de atingir a alma de quem lê quanto “Triste Partida”, de Patativa do Assaré, com diversos “erros” de português.

Lendo ou ouvindo “Triste Partida”, qualquer um com um mínimo de sensibilidade, independentemente da instrução intelectual, consegue sentir na alma o que os retirantes nordestinos sentiam na pele.

Em “Triste Partida”, os “erros” de português não são erros, mas pontes que nos ligam aos nossos ancestrais.

A sala do cordel da EE
Dinarte Mariz me fez lembrar que o nosso povo, o nordestino, é como o cardeiro da caatinga: nossos espinhos são as mãos calejadas do trabalho, e, dentro nós, por menor que seja, temos a água da cultura que nos faz resistir ao sol escaldante.

E nenhum povo tem isso como nos temos.

Viva Patativa do Assaré! Viva o Nordeste Brasileiro!

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