Por Cecília Costa – Portal UFRN

Na Elementos 1, a artista Claudia Moreira fala no presente sobre o passado da sua família. Sua pesquisa aborda a genealogia e a ancestralidade – Foto: Cícero Oliveira

Sentada no chão, a artista Claudia Moreira vai montando as peças que serão colocadas na parede. Ela testa as composições e escolhe a posição e a altura em que ficarão. E assim, aos poucos, a nova exposição da Galeria Conviv’Art, do Núcleo de Artes e Cultura (NAC/UFRN), vai ganhando forma. O artista Brio Virgílio, que também irá expor suas obras, chega à sala e se junta à artista. Juntos, os dois fazem a mostra Experimentos 1, uma mistura do processo criativo e das experiências estéticas dos artistas contemporâneos. A exposição será inaugurada nesta quinta-feira, 11, a partir das 19h.  

“A gente traz uma espécie de ateliê para que as pessoas possam ter a experiência do que é a arte contemporânea e a pesquisa do artista”, conta Moreira. A ideia da exposição nasceu em 2019 a partir de um edital do NAC, mas, devido à pandemia da covid-19, não foi realizada dentro do período previsto. Apesar disso, de acordo com Claudia, durante os dois últimos anos, por ser uma exposição sobre processo criativo, ela foi se modificando, passando por adaptações e novos elementos foram incluídos até o momento da montagem.

Claudia Moreira coloca na parede as cartas, certidões de óbitos e certidões de nascimento contam quem são os seus ancestrais – Foto: Cícero Oliveira

Os dois artistas são egressos do curso de Artes Visuais da UFRN, mas voltam agora à Universidade como expositores para compartilhar suas pesquisas de mestrado. Claudia Moreira pesquisa sobre genealogia, ancestralidade, escravidão e relações familiares, já Brio Virgílio aborda arte e vida. “O Brio tem uma relação com a performance. Ele traz os processos para dentro da materialização da obra, e eu estudo a partir dos documentos e das entrevistas. É uma pesquisa autobiográfica”, diz Claudia. 

Na exposição, o público vai presenciar os passos, os caminhos e os vestígios desses estudos. “É uma exibição de processos e não de finalização. Estamos interessados muito mais em mostrar algo que está em processo, em mudança, em transformação do que o resultado final em si ”, fala Virgílio. Brio deseja que, a partir dessa exposição, novas discussões sejam geradas para potencializar outras mostras do mesmo segmento. “O processo criativo não é só a obra finalizada e a técnica, mas uma ideia que se expõe. Esperamos gerar outros lastros com isso”, compartilha.

Para Claudia, a expectativa é que os visitantes possam ter a oportunidade de ver a criação de uma artista visual de perto. “A gente costuma não saber como funcionam esses processos”, fala. Ao ser perguntada sobre a quantidade de obras presentes na exposição, a artista responde que é “incontável”. Em meio às peças na sala da Galeria, Moreira fala que há documentos e entrevistas dos seus familiares, que, unidos, contam a sua própria história e compõem a Experimentos 1

Segundo Brio, a exposição vive. Claudia reforça isso ao falar qual é a principal ideia dos artistas. “Durante os 15 dias, a mostra vai se modificando. Quem vier para a exposição no primeiro dia e quem olhá-la no último dia vai ver lugares diferentes”, fala. A exposição é a quarta da Galeria desde quando as atividades presenciais da Universidade voltaram em 2022. Embora já esteja acostumada com o vai e vem das mostras, Elidete Alencar, coordenadora da Conviv’Art, fala que sempre é um aprendizado e as expectativas são as melhores. “Vale a pena conferir a sensibilidade e o gosto pela arte desses artistas”, finaliza.

Do Blog: Cláudia é potengiense, funcionária da 4ª DIREC, Coordenadora do Setor de Arte e Cultura, filha do casal amigo, Santo Tito e Izete Campos.

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