Por @silverioalvesfilho

A arte de babar não é tão simples quanto os críticos dos babões pensam.

Há quem qualifique a babação como ciência, em relação à qual pode haver especializações.

Como na medicina há a cardiologia, ortopedia, psiquiatria etc, na babação há o babão cientista, o invejoso, o iludido e, dentre tantos outros, o obcecado.

Segundo o “Tratado sobre a arte de Babar”, o babão obcecado dirige a maior parte das suas atenções não para o seu líder (como na babada em geral), mas para o adversário do líder.

Em um certo município do sertão brasileiro, havia um babão especializado na “babada obcecada”.

Ele sabia tudo sobre o “ex”, o dia a dia, o passado, as possibilidades de futuro e, quando não sabia, gastava todo o seu tempo procurando saber.

Obstinado, pensava mais no adversário do que no próprio líder, para o qual produzia sua abundante saliva gosmenta.

“Quanto mais eu souber do adversário, quanto mais eu falar dele, mais o líder me amará!”, pensava o babão, enquanto a saliva escorria pela boca sorridente.

Dia e noite, intensa e constantemente, ele pensava no adversário, dele falava, sobre ele escrevia.

Cego pela obsessão, o babão não percebia que ela, a obsessão, era na verdade a manifestação de um trauma anterior.

O trauma era como um fantasma que remetia a uma forte decepção do passado.

Pela obsessão, o babão tentava fugir do trauma, mas sem sucesso, já que o fantasma continuava lá, na sua mente.

E na sua saliva.

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