Depois de muito tempo entocada, a Raposa Política foi vista ontem à tardezinha, contemplando o pôr do sol no paredão da Barragem Campo Grande, em São Paulo do Potengi.

Eis que um gaiato, metido a inteligente, tentou “tirar de tempo” a Devoradora de Galinhas: “A Raposa se julga tão sábia, mas já nem aparece mais, nem fala mais, nem é mais temida como antigamente!”.

Escutando aquilo, a Raposa permaneceu com o olhar fixo no sol que se punha levemente alaranjado, como seus pelos, deu um sorriso de canto boca e pensou: “Sentir que tem poder é diferente de ter poder. Poder não tem a ver com sensação”.

Dessa vez, a Raposa não abriu a boca, porque não valia a pena abrir.

A estrela da manhã se foi, a noite chegou e a Raposa saiu, faceira, faceira, pela caatinga Potengiense.

Mas em breve volta. Ela sempre volta.

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