Por Silvério Filho

Nesta semana, os filhotes do fascismo espanhol, mais uma vez, realizaram um vergonhoso ataque racista contra o jogador Vini Jr. Num jogo entre Real Madrid e Valência, os torcedores deste último fizeram um coro de “macaco” no Estádio.

Vini partiu para cima, com razão. E, em mais um ato vergonhoso da Liga Espanhola, foi expulso do jogo. Punido por ser vítima do ódio.
Até o momento, a Liga vem fingindo que nada aconteceu. Uma vergonha.

Triste ver um jovem sorridente como Vini chorar em campo, mesmo tendo realizado o sonho de jogar no maior clube de futebol da história, o Real Madrid.

Diante do fato, tenho lembranças do filme “Green Book”, que, baseado em fatos reais, relata a história de uma turnê realizada pelo pianista negro Dr. Don Shirley (Mahershala Ali) pelo sul racista dos Estados Unidos. Durante a turnê, o pianista leva como seu motorista e secretário o italiano ranzinza e até então preconceituoso Tony Lip (Viggo Mortensen).

Os dois são inicialmente tratados em oposição: o primeiro erudito, negro e rico; o segundo, ignorante, branco e pobre. A oposição vai diminuindo quando vão enfrentando juntos o sul preconceituoso dos EUA. As oposições iniciais vão deixando de ser o problema e passam a ser o laço que possibilita que um ajude o outro no caminho tortuoso.

E o caminho é guiado pelo Green Book, livro destinado aos negros que viajavam pelo Sul do país, apresentando os locais para onde poderiam ir com menor risco de espancamento e morte.

Tanto o DR. Shirley quanto Vini são artistas talentosos. Valorizados pela sua arte até pelos racistas que pagam caro para vê-los. Mas, nas demais questões, são tratados como pessoas de segunda classe, que, independentemente dos seus atributos, “valeriam menos” do que qualquer branco.

“Esses ignorantes pagam para ver meu show para se sentirem mais eruditos. Fingem que entendem. Porém, após o show, para eles volto a ser apenas um negro”, diz no filme o Dr. Shirley.

Com mais de 60 anos de diferença entre os acontecimentos de Green Book e o racismo contra Vini, o povo negro ainda sofre com a mazela de ter que ser muito melhor do que os demais para ter um respeito similar ao dado a um igual branco. É o chamado racismo institucional, que existe, apesar do que dizem os ignorantes negacionistas.

E contra os racistas não basta uma conversa, dizendo que todos são iguais. Com racista não se conversa: se combate. Devem ser combatidos e derrotados. Porque os racistas, sim, são efetivamente pessoas de segunda classe.

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