O que seria do Carnaval de SPP se não fosse o Alexandre?

Por Santo Tito

Alexandre Moreira é um músico e cantor de São Paulo do Potengi, conhecido por sua dedicação à música brasileira de raiz. Ele lançou o CD “Orgulho Potiguar”, que conta com dez músicas de sua autoria e uma de seu tio Franklin. Alexandre tem uma longa trajetória musical, participando de diversos eventos festivos na cidade e na região, como carnavais, festas juninas e homenagens a Luiz Gonzaga1. Ele também venceu o concurso musical Forraço em 2019 com a música “Baião do Rojão”.

No Carnaval da Saudade, que abriu as portas para a folia 2025, na sexta-feira 28 de fevereiro, lá estava ele arrastando gente que nunca mais tinha entrado no Lítero Recreativo. Uma festa de encher os olhos. Estilo carnaval meeessssmo! com os ritmos nativos dando sustentabilidade.

Em determinado momento da festança o Alexandre quase entra em transe. Foi exatamente no momento em que três percussionistas adentraram na cena para preencher em quantidade e qualidade a percussão de base ao Axé (significativo de poder, energia) que estava em execução no Afoxé (um tipo de música e dança que se destaca durante o Carnaval, sendo uma expressão rica da herança cultural africana no Brasil, caracterizado por seu ritmo contagiante, que é criado através de instrumentos de percussão, como o atabaque e o agogô. Esses instrumentos são fundamentais para a criação da atmosfera vibrante que envolve as apresentações).
Com a energia do Axé e ritmo esfuziante do afoxé, absolutamente ninguém consegue ficar sem se movimentar. É muito contagiante.

Pena que com a criação do pancadão, um ritmo único, com letras bastante apimentadas, essas coisas lindas que só existem no brasil e, naturalmente, na África, berço daquilo que envolve tudo que é mais autêntico na nossa cultura nacional, está se transformando numa coisa estéril, com objetivos, às vezes, até duvidosos. Deixando de lado o carnaval genuinamente brasileiro.

Ele, o Alexandre, está fazendo o que o músico com sua qualificação e conhecimento deveria fazer: — Dando sustentabilidade àquilo que realmente é parte da nossa cultura popular —. Orgulhando-se de ser apenas o Alexandre que não acreditamos vá se curvar a tocar para NINGUÉM.

Recife sem o Frevo, Pernambuco sem o maracatu, o Pará sem o carimbó, o Nordeste sem a quadrilha, o Rio de Janeiro sem o samba, a Bahia sem o afoxé, o Norte sem o Bumba meu boi, nada disso seria Brasil. Todas essas vertentes musicais estão aí há centenas de anos. O pancadão, música de uma só nota, cansa. Se não for curtido a uma altura que destrua qualquer possibilidade de conversação, perde a graça.

Não estamos aqui para discutir gosto. Apenas queremos nos referir ao carnaval brasileiro como sendo o frevo, o afoxé, a marchinha e o samba os balizadores da maior festa ao ar livre do planeta, onde mais se consome turista e seus dólares. E quando mais se vende serviços.