Esses dias decidi ir visitar uma pessoa no sistema prisional.
Mas há procedimentos cansativos para entrar, permanecer e sair do local, o que nos traz a dúvida: por que tanto esforço para visitar quem está apenas pagando pelo que fez?
Mas me confrontava o trecho da Bíblia que diz: “Eu estava preso e fostes me ver” (Mt 25,36). Ele afirma que quem visita um preso, na verdade visita o próprio Jesus (Mt 25,40).
Então eu fui.
Lá, de um lado os agentes, servidores do Estado, que tem de seguir os procedimentos para garantir a própria segurança.
Do outro os detentos, culpados ou não (já que há muitas prisões cautelares, anteriores à sentença), e os familiares, sujeitos ao procedimento.
Lá pude entender o “vale de lágrimas” da oração da “Salve Rainha”.
É comum ver cristãos alegrando-se com o sofrimento daqueles que pagam pelos seus crimes.
Mas se é verdade que para cada delito há uma pena que deve ser paga, é verdade também que o coração de Deus não se alegra em humilhar e afligir os homens (Lamentações 3,33).
Se é verdade que o cristão deve defender que os criminosos sejam punidos nos termos da lei, é verdade também que não deve se legrar com o sofrimento por eles suportado em razão da punição.
É por isso que em Mt 25,36, Cristo não afirma se a prisão era ou não justa, se o preso era eu não criminoso. Limita-se a dizer: “estava preso e foste me ver”.
E se Cristo assim o fez é porque, de algum modo, Ele estava presente ali, naquele dia, no vale de lágrimas.