Imagem ilustrativa/reprodução
Por Santo Tito
Tenho de me reportar ao EU para poder descrever fatores que passamos a carregar quando nos acercamos de números próximos aos setenta, oitenta anos. Nesse momento temos que procurar a nossa própria turma, bastante diminuta em decorrência da viagem feita por muitos.
Para melhor entender o nosso cotidiano, vamos dividir a vida terrena em quatro momentos: criança, adolescente, adulto e ancião.
Chegada as férias escolares recebemos a visita do nosso neto para passar uma pequena temporada no nosso convívio. Visita esta que muito alegra o dia a dia da avó. Ela se desdobra ao máximo para que o menino não se sinta enfadado. A mim mesmo ele só procura quando quer jogar futebol. Mesmo cansado tento atender o seu pedido. Isto porque lembro dos meus tempos de criança.
Para fazer os gostos do menino, resolvi participar de um “racha” que acontece às sextas-feiras no campo de futebol society do Hudson. Como já tinha “corrido” com os “meninos” (40 anos acima), eu tinha noção de como era feita divisão dos times, mormente por ordem de chegada.
E, como normalmente faço, e também acredito que o leitor já tenha assistido o desdobramento desta etapa no TikTok onde o humor está muito presente, com diversos usuários criando esquetes e quadros que acabam até saindo do TikTok e se popularizando na timeline de outras redes sociais e nos mensageiros mais utilizados, comecei a sessão de alongamento.
Enquanto o menino batia bola com outro garoto, calcei as chuteiras, ajeitei as joelheiras e parti para os exercícios. O bom é o leitor, tentando visualizar a sessão, memorizar como ela é descrita pelo TikTok. Eu estou morrendo de rir só de lembrar a surpresa que estava me esperando, vinda daqueles que estavam separando os times.
Depois daquele espaço descrito com muita criatividade pelo TikTok, eu, todo enfeitado e ainda dando continuidade ao esquentamento para não esfriar o corpo, não percebi que estava sozinho, quando um dos atletas, o mais educado, foi sorteado me dizer as seguintes palavras: “Você fica para jogar na próxima”.
Não cheguei a ficar surpreso, porque quando a gente ultrapassa a casa dos setenta precisa criar algumas condições especiais para poder se reinserir na mesma sociedade da qual já fez parte. Com toda naturalidade. Sem espanto algum. Peguei o garotinho e fui para casa fazer o que gosto: Escrever. E, daquele momento em diante, só pensei na charge de mim mesmo e como descreveria aquele acontecimento.
E aqui está ela. Se gostaram deem um like.
Em tempo: Os garotos não foram desrespeitosos, eu é que, simplesmente, não percebi que estava invadindo o terreno alheio sem permissão. E sei também que todos nós, cada um no seu devido tempo, passaremos por esta faze. Embora que no Japão não é bem assim que as coisas acontecem. Mas o Japão é o Japão.