O cristão pode ou não pular carnaval?
Para os judeus, o pecado, a transgressão da Lei de Moisés, era analisado apenas objetivamente: trabalhar aos sábados era pecado, independentemente da intenção e do contexto.
Cristo inicia uma nova ordem e deixa isso claro ao se comparar com João Batista, o último e maior profeta da antiga lei:
³³ Porque veio João o Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio;
³⁴ Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores.
Lucas 7:33,34
Cristo não só bebia vinho, como bebia com publicanos e pecadores.
A importância do contexto e da intenção fica clara em Lucas 6,1-5, onde Cristo declara que os discípulos, embora tivessem praticado colheita no sábado, não pecaram, basicamente em razão do contexto (fome) e da intenção (comer).
O mesmo ocorre em relação às festas.
O vinho que Cristo fez nas bodas de Caná tinha álcool, conforme consta em Jo 2,10.
Ora, se o mestre de cerimônias diz que naquele momento geralmente se servia vinho ruim, é porque os presentes estavam “triscados” ao ponto de não perceberem tanto a diferença.
Em um determinado contexto, com uma determinada intenção, Cristo fez vinho para pessoas que já estavam “triscadas”.
Sobre o carnaval: depende do contexto e da intenção de quem participa.
Há cristãos que preferem simplesmente não participar, e devem ser respeitados.
Mas é preciso alertar também aqueles que condenam ao inferno os que participam do carnaval, como faziam os fariseus repreendidos por Cristo em Mt 23.
É preciso ter a sensibilidade para perceber que é muito fácil não ir ao carnaval quando se tem condições de viajar, ir ao cinema, à praia, ter divertimentos materiais aos quais o pobre não tem acesso.
É muito fácil dizer que não come carne na sexta em penitência, enquanto come um salmão.
Somos almas encarnadas que também tem fome de alegria material.
Muitos pobres só tem isso no carnaval, onde não precisam nem comprar roupas para a festa: até um saco serve.
Participando com equilíbrio, qual o problema, se até o Filho de Deus tomava vinho com publicanos e pecadores?
