Apenas um conto, história fictícia sem correspondência com a realidade.

Por @silverioalvesfilho

Toda cidade tem os seus babões oficiais, tanto da oposição, quanto da situação.

Alguns babões, porém, se destacam pela capacidade de serem de vários lados ao mesmo tempo: a direção da babada varia conforme a direção do vento.

Não é fácil ser um babão assim. É preciso treino e profundo estudo sobre a arte milenar da bajulação.

Havia um babão que era diferenciado. Todos os lados da política já haviam sido destinatários da sua saliva. Suas capacidades eram reconhecidas por todos os pertencentes ao “clã dos babões”. Ele conhecia, com distinta excelência, tanto da teoria quanto da prática da bajulação.

Mas ele tinha um ponto fraco, uma mancha nas suas indiscutíveis capacidades bajuladoras: a inveja.

Ele não tinha inveja dos babões, já que, dentre eles, era o mais capacitado.

Tinha inveja dos que conseguiam espaços e reconhecimento sem ter de bajular.

Tais pessoas deixavam o babão furioso, porque o faziam perceber que, por mas diferenciado que ele fosse, ainda assim era apenas um babão.

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