A defesa da Constituição não está sujeita à “adequação de discurso”, porque não há democracia sem defesa da Constituição, e não há defesa da Constituição sem defesa da separação de poderes determinada por ela.

A própria Constituição, implicitamente, deixa claro que a política influencia o direito e o direito influencia a política.

Contudo, deixa claro também que o objeto a ser analisado pelos Juízes é o direito, e não a política.

Por isso, sempre critiquei a postura inconstitucional do então Juiz Moro e a sua instrumentalização política do processo penal.

Por isso, critiquei o TSE quando cassou ilicitamente o mandato de Dallagnol, escudeiro do ex-Juiz, com uma instrumentalização política do direito que, de tão temerária, seria digna de Sérgio Moro em seu auge.

Agora, critico Alexandre de Moraes, cuja atuação é provavelmente a mais política da história do STF, sob o infeliz silêncio da esquerda, que vem se beneficiando da postura do ministro.

Destaque-se que há uma nítida diferença entre os atos criminosos de 8 de janeiro e o pedido de impeachment de um Ministro.

Utilizar o raciocínio aplicável aos primeiros para punir o segundo seria proferir decisão com base na “falácia do espantalho”, muito usada por Sérgio Moro, inclusive.

Assim, Adrilles Jorge, a despeito de ser um papangu, possui o direito de pedir o impeachment de Moraes, medida prevista no art. 52, inciso II, da CF.

Gleise Hoffman, na condição de parlamentar federal, tem a prerrogativa de, querendo, defender o fim da Justiça Eleitoral, mediante Emenda à CF.

Nem a fala de Adriles, nem a de Gleise se confundem com a deslegitimação das eleições feita por Bolsonaro, nem com os atos de 8 de janeiro.

Nem Adriles, nem Gleise devem desculpas a Moraes, embora Gleise, infelizmente, as tenha pedido de modo implícito.

Já passou da hora de a esquerda perceber que delegar sua luta política a magistrados é um grande erro.

Primeiro porque a defesa dos termos da Constituição é inegociável. Segundo porque, ainda que fosse negociável, é questão de tempo até o Judiciário partir para cima da esquerda.

Afinal, disse Marx certa vez: “A história acontece como tragédia e se repete como farsa”.

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