O fator Joaquim Barbosa, revelado na última
pesquisa Datafolha, em que o ex-ministro do STF aparece à frente
de candidaturas tradicionais como a do tucano Geraldo Alckmin ou a de Ciro
Gomes (PDT), movimentou o cenário para as eleições de outubro. Filiado ao PSB,
mas ainda sem definição se será ou não candidato a presidente da República, o
relator do processo do mensalão do PT aparece em quarto lugar, com 8% das
intenções de voto no cenário com Lula candidato, atrás de Jair Bolsonaro (PSL),
com 15%, e de Marina Silva (Rede), com 10%. Sem Lula na disputa, Barbosa passa a
terceira colocação, com 9% das intenções de votos,
empatado com Ciro Gomes. Fica apenas atrás de Jair Bolsonaro, com 17%, e de
Marina, com 15%, que passa a ter empate técnico com o deputado do PSL e aparece
como a principal beneficiada pela migração de votos do petista.

Joaquim Barbosa só não será o candidato do PSB à presidência da
República se não quiser. O prazo para ele se decidir é maio, mas o martelo pode
ser batido ainda esta semana. Resistências pontuais a seu nome são consideradas
irrelevantes e motivadas por “falta de conversa”, na opinião do presidente
nacional da legenda, Carlos Siqueira. O resultado da pesquisa Datafolha, sem
que Joaquim Barbosa tenha se apresentado como candidato, foi considerado
espetacular pelo dirigente do partido.

Em praticamente todos os cenários, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e o presidente Michel Temer (PMDB) aparecem estacionados em 1% das
intenções de votos. O mesmo acontece com o ex-ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles.

Siqueira diz que o ex-ministro do STF ainda não mostrou seu real
potencial e pode crescer muito caso se exponha oficialmente como o candidato
que representa “o novo”, de vida limpa e preparado para a disputa.

— No dia que ele assinou a ficha de filiação no PSB, houve um acordo. O
combinado é que ele entrava sem a garantia da legenda de que seria o candidato
a presidente, e o ministro teria mais tempo para refletir se aceitaria ser o
candidato. A hipótese de ser é muito grande. Eu não apostaria na possibilidade
de não ser. O único senão reside na dúvida de setores pontuais, que ainda têm
certas interrogações em relação a essa candidatura, pelo fato de não o
conhecerem suficientemente — diz Carlos Siqueira.

Resistência não representa maioria no PSB

O presidente do PSB não revela quem no partido resiste ao nome de
Barbosa, mas diz que não representa a maioria. A senadora Lídice da Mata
(PSB-BA) e o senador João Alberto Capiberibe (PSB-AP), explica Siqueira, veem
Barbosa como um bom nome, mas sentem a necessidade de conversar mais. Os termos
do PSB para dar a legenda a Barbosa, diz, refere-se a aceitação de temas
programáticos do partido que tem 70 anos e um perfil de centro-esquerda. Carlos
Siqueira não concorda com críticos que veem em Joaquim Barbosa um perfil
autoritário e de comportamento centralizador.

O vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque, afirma que a decisão não
pode ultrapassar o mês de maio:

— Eu diria que o limite para ele dar a resposta é maio, para preparar a
campanha, acertar programa, montar as condições. Não pode deixar as coisas
chegarem muito em cima do laço. Maio é o limite da tolerância para ter de fato
uma candidatura presidencial competitiva.

O GLOBO

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