Por @silverioalvesfilho

No 8º período de Direito, eu fazia prática jurídica no núcleo da faculdade, localizado nas proximidades do Bairro Mãe Luiza, em Natal.

O trajeto do ônibus coletivo passava pelo Instituto Maria Auxiliadora, uma tradicional escola de alto padrão.

Um dia, ao passar pelo Auxiliadora, uma senhora de aspecto humilde e cansado entrou no ônibus, acompanhando um garoto, que tinha por volta dos 10 anos.

O menino usava uma farda bem velha, como se tivesse sido comprada de “segunda mão”.

Eu desci no início da “ladeira de Mãe Luiza”, e a mãe/avó prosseguiu com o garoto, rumo à comunidade.

No semblante daquela mulher, por baixo da aparência cansada, eu vi com nitidez o amor.

Lembrei imediatamente de um trecho da Cerimônia das Flores, da Ordem DeMolay, que eu já havia declamado para minha mãe:

“Se eu fosse desenhar o retrato do amor divino,

Não seria aquele de um majestoso anjo,

Com a forma cheia de graça,

Mas o retrato de uma mãe cansada,

Com a fisionomia grave e meiga”.

Vi minha mãe em pensamento.

E percebi, tão claro como nunca antes, que a essência do amor é o sacrifício por quem se ama.

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