Este conto é fictício. Não guarda correspondência com a realidade.
Por Silvério Alves Filho
_______
Toda corte tem o seu bobo.
Na idade média, o bobo era um indivíduo que tinha como profissão divertir o rei e os nobres.
Hoje não é muito diferente, inclusive nas cortes políticas, as quais sempre possuem, pelo menos, um bobo.
Determinada corte tinha um bobo diferenciado.
Era um bobo “desenrolado”, adaptado para as exigências da atualidade: tirava fotos, gravava e editava vídeos e, é claro, fazia piada, muitas piadas.
Mas outros bobos também faziam isso. Ele precisava de mais destaque, de mais mídia.
Então o bobo aprendeu a cantar.
“A cantoria me deu o destaque que eu precisava!”, falava consigo mesmo o bobo, olhando para o espelho de sua casa.
De fato, o bobo era um artista e fazia muitos darem risada, alguns porque o achavam engraçado, alguns pela amizade e outros apenas pela vergonha alheia.
Ambicioso, o bobo passou a andar com a corte nos eventos oficiais do rei.
Mas o bobo, bom em fazer com que prestassem atenção nele, não era bom em perceber com atenção o que pensavam dele.
Enquanto o bobo achava que era um membro valioso da corte do rei, não percebia que era apenas um bobo.
Mas, pelo menos, era um bobo que sabia cantar.