Essa semana, o Papa Francisco criticou pessoas que criam animais como se fossem filhos. Pela fala, Francisco, um grande defensor dos animais e do meio ambiente, sofreu várias criticas nas redes sociais.

As críticas sofridas aos montes demonstram que a sociedade ocidental, que ainda se diz cristã, entende cada vez mais de prosperidade e autoajuda, e cada vez menos das questões simples de moral e fé. Parte disso tem a ver com o fato de que muitos hoje escolhem, por si próprios e subjetivamente, o que é ou não conduta cristã. Relativismo que geralmente inclui a frase: “O Jesus que eu creio é assim ou assado”.

O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, defende fortemente a dignidade de toda a criação: animais, meio ambiente e ser humano devem viver em harmonia, segundo a lógica deixada por Deus.

Por isso, a atuação do ser humano em relação à criação não deve ser predatória, destrutiva, má, mas sim exercida de forma razoável, harmônica, na consciência de que o homem não é proprietário absoluto da criação, mas mero administrador, segundo a Lei Divina.

Para o cristão, porém, reconhecer a dignidade da criação, da natureza, implica necessariamente em reconhecer que a humanidade possui dignidade diferenciada, à medida que só a humanidade foi feita “à imagem e semelhança de Deus” e só ela é destinatária da salvação operada por Jesus. Ou se reconhece isso ou não se é católico, nem sequer cristão.

Nesse contexto, na lógica divina, os humanos são chamados a constituir famílias, as “igrejas domésticas”, trazendo filhos ao mundo, para que cresçam e sejam vivificados pela fé. Exceção seriam aqueles que, nas palavras de Jesus, fazem-se eunucos por amor ao Reino dos Céus (Mt 19,12), os chamados celibatários, como foi o caso de São Paulo (I Cor 7).

É evidente que ninguém é obrigado a ser cristão nem a concordar com o Papa. Mas, se se declara cristão, que seja minimamente coerente com a visão cristã de mundo, como é desde sempre.

Hoje, muitos dos que amam usar o Papa como instrumento ideológico parecem se escandalizar quando descobrem que ele (vejam só!) professa a fé católica. Esse tipo de escândalo é fruto de uma sociedade, infelizmente, cada vez mais pagã.

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