“Está na revista Veja desta semana, em suas páginas amarelas, a entrevista do senador Pedro Simon, dos grandes (que são poucos) do Senado e expressão maior da política brasileira. O repórter que o entrevistou, Paulo Celso Pereira, chama-o de “iluminado”: “O senador Pedro Simon é um iluminado”. E é. Sua biografia – lá se vão mais de 50 anos de vida pública – confirma. É um dos fundadores do MDB (de onde nasceu o PMDB), fez oposição à ditadura militar e esteve na linha de frente da campanha pelas Diretas Já. Sua presença no Senado, já no terceiro mandato, é uma referencia do que de melhor há no cenário político do país. Sua entrevista deveria ser lida em todas as casas legislativas do país e aconselhada a todos esses jovens que pensam abraçar a vida pública. É uma ótima lição.
Destaco alguns trechos da entrevista. Diz Pedro Simon:
– Rui Barbosa é o nosso grande patrono no Senado, mas como político foi um homem de derrotas. Perdeu duas vezes a eleição para presidente da República. Quem mandava e elegia presidentes era o Pinheiro Machado, de quem hoje ninguém fala. O Sarney está mais para Pinheiro Machado do que para Rui Barbosa. Vai acabar esquecido pela história.
– O ministério (de Dilma) é fraco, um dos piores que já vi. Antes, colocavam-se no ministério os melhores nomes do Parlamento. Hoje, o ministério consegue ser pior do que a média do Parlamento, que beira a mediocridade. No esforço de eleger Dilma Rousseff presidente, valeu tudo. O Lula fez acordo aqui e ali, e houve uma despreocupação com relação aos nomes. Houve também irresponsabilidade dos partidos na indicação dos ministros.
– Os bons homens se foram: Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Miguel Arraes, Mário Covas. Se esses tivessem ficado e outros tivessem morrido, o Brasil seria diferente.
– As grandes mudanças só ocorreram quando o povo participou. Não se espere nada do Congresso, do Legislativo e do Executivo se o povo não estiver à frente.
– As instituições foram vulgarizadas nos últimos anos, principalmente no governo do PT. Todos os meses vocês fazem reportagens demonstrando casos de corrupção e não acontece nada. O cara não é condenado e também não é absolvido. No Judiciário, surgem denúncias sobre juiz que vende sentença, outro que recebeu não sei o quê, e não acontece nada.
– Nos oito anos do Fernando Henrique, o PT foi um baita de um partido de oposição, até exagerado. Aí foi para o governo e ofereceu ao carinha de chinelo, que trabalhava feito doido em troca de comida, um cargo de 9 000 reais. Então apodreceu. O poder corrompe, sim. O poder total corrompe totalmente. O PT desmontou, desapareceu. Se o Lula tivesse posto o Waldomiro Diniz na rua quando ele apareceu na televisão recebendo dinheiro do Carlinhos Cachoeira e tratando de percentuais, não teria havido o mensalão. Eu entrei com pedido de CPI, mas o Lula e o Sarney lutaram para não deixar criá-la. Fomos ao Supremo e depois de um ano ganhamos, mas era tarde.”
do Jornal de WM (Woden Madruga), da Tribuna do Norte.